sábado, outubro 21, 2006

Essa agora foi golpe baixo!

Tá na capa da Veja que está saindo nas bancas hoje: o provável enriquecimento ilícito do clone do Lula, seu filho mais velho, que possivelmente teria recebido favorecimento de grandes corporações para sua pequena empresa de software.

Mas sem querer me aprofundar muito nessa discussão, quero levantar uma outra: não soa muito, mas muito estranho, que um caso que a muito tempo já não é nenhum furo de reportagem venha logo agora ganhar a capa de uma edição de um meio de comunicação como a Veja? Como se já não bastasse a dobradinha de duas semanas atrás da Veja E da Época com um Alckmin sorridente na capa (usando as chamadas "O adversário" e "Como seria o Brasil de Alckmin") e de seguidas capas do jornal O Globo, do Rio, com manchetes do tipo "Lula usa a máquina para fazer terrorismo" ou algo parecido, agora ainda aparece mais essa.

Eu sei que nenhum dos meios de comunicação explicita apoio ao Alckmin ou repulsa ao Lula, mas quem conhece alguma coisa de técnicas de jornalismo conhece o impacto subliminar que uma imagem ou uma frase estrategicamente colocada tem sobre o inconsciente coletivo. Logo, nada disso é feito inocentemente. Fala sério, mesmo não sendo lá muito adepto desse negócio de teoria da conspiração, não dá pra não achar que isso é uma delas, porque é recorrente! Se ainda houvesse uma contrapartida... Mas não há.

Se fosse alguma denúncia nova, atá vá lá, eu até entenderia... Mas porque tirar da geladeira, justo agora, um assunto que já esteve nos jornais, está sob investigação, mas que ainda não apresentou nenhum resultado? É ou não é pra desconfiar?

Parece que o Borhausen anda mexendo uns pauzinhos com os contatos dele nas famílias Civita e Marinho...




P.S: Ah, tem a outra matéria de destaque na capa da revista também: "Será que Alckmin ainda tem chance?"

sexta-feira, outubro 06, 2006

Ética? Onde?

"Você vai votar no LULA? É um direito seu... (...) Mas você aceita que uma quadrilha governe o país e acredita que o chefe deles não sabia de nada?! Se ele não sabe nem do que acontece no Palácio do Planalto, como ele vai saber o que acontece no Brasil, um país tão grande?!..."

Eu também não morro de amores pelo Lula, apesar de ser eleitor dele. Tenho certeza de que ele está envolvido em todos os escândalos até o osso, e sinto como se estivessem me passando um atestado de otário quando vêm com essa história de que "o presidente não sabe de nada".

Mas...

Também duvido muito que nos próximos anos nós tenhamos alternativas melhores. Esses problemas que vêm acontecendo no governo do PT acontecem desde sempre, aconteceram no governo do PSDB, e vão continuar acontecendo com qualquer um dos dois que assumir ano que vem. Tenho certeza de que quem vai votar no PSDB tem sua opinião formada e tem diversos motivos para isso (e graças a Deus por isso, porque a democracia no país depende disso), mas usar as justificativas da moral e da ética adversária como argumento eleitoral eu acho demagogia da pior espécie.

Pra mim, esse bate-boca sobre corrupção, ética, "quadrilhas", já deu o que tinha que dar e já encheu o saco. Acho que o PSDB oposição está fazendo com o PT situação a mesma coisa que o PT fez com o PSDB no passado, e eu acho tudo isso MUITO prejudicial para o país, na medida em que isso muda todo o foco da campanha. Ao invés de um debate de idéias, a única coisa que nós temos é um bate-e-rebate de acusações.

Eu acho que existe uma inversão de papéis muito grande na política brasileira. Quem tem que fiscalizar, criticar e cobrar moral e ética da classe política é a sociedade: a imprensa, as entidades civis, enfim, o povo. Partido não tem que ficar policiando partido, primeiro porque não se pode cobrar ética quando não se tem ética para apresentar, e segundo porque isso afasta os partidos da sua verdadeira função, que é a de governar/legislar para a sociedade.

Um exemplo do que eu estou dizendo? O deputado federal Leonardo Picianni, do PMDB do Rio, que tem colégio eleitoral no bairro onde eu moro e suas adjascências. Mais da metade das suas proposições no Congresso foram relacionadas a questões partidárias, como votações para instaurações de CPI's, interpelações de depoentes, e coisas assim. Além de questões alheias aos interesses da comunidade que o elegeu, como a redução de impostos para insumos pecuários (só observando que não há criações de gado na região da sua base eleitoral, e que sua família é dona de uma grande fazenda de gado no Mato Grosso - ele inclusive sendo estudante de direito agropecuário). Enquanto isso, a região onde eu moro, assim como o RJ como um todo, continua com exatamente os mesmos problemas que tinha 4 anos atrás, quando ele se elegeu pela primeira vez. E porque abriram UMA escola na região, todos os políticos daqui, inclusive ele, fizeram suas campanhas inteiras em cima desse feito (que, aliás, não passa de obrigação deles).

Eu acho que as pessoas deveriam sair um pouquinho desse jogo de cena, deixar um pouco de lado esse fervor eleitoral, e começar a prestar mais atenção no que realmente importa: quais são as idéias que orientam o partido em que você está votando? O que ele defende? Qual é seu plano de governo? O que ele propõe é melhor ou pior para o país que aquilo que o adversário propõe? O partido tem força política para implantar as medidas que propõe? Eu acho que o que vale é isso. Eu adoraria que essa questão dos mensalões, dos vampiros e das sanguessugas saísse um pouco da pauta eleitoral e ficasse restrita a seu lugar de direito, a televisão, a mídia impressa, os fóruns de discussão... Enfim, que a sociedade fizesse a sua parte, e que a classe política fizesse a dela. Acho que isso seria muito mais proveitoso para todos, e não somente para meia dúzia de interessados.

***

P.S: Só acrescentando ao post anterior, eu acabei não votando no Cristovam no 1º turno. Analisando melhor, todo o desgaste que uma eleição em 2º turno traz para o país não compensaria a "lição" que ele provavelmente traria (ou não!) para o governo. Mais um mês de máquina parada, mais combustível para o rancor oposicionista nos próximos 4 anos, mais alianças políticas, com suas inerentes partilhas e delegações de cargos, uma oposição mais fortalecida e mais disposta a atrapalhar por mais um mandato inteiro...

Não, definitivamente, não deveria ter havido 2º turno. Mas já que houve... Sejamos responsáveis, vamos votar conscientemente, e ficar atentos aos passos do futuro governante (sendo ou não o Lula)!!